Hoje ao prosseguir esse meu hábito fiquei presa numa
situação que não foi inédita, mas que hoje me cativou.
Na direcção oposta à que eu seguia, mas à berma do passeio, aproximava-se
outra pessoa a passos largos e pesados, espontaneamento deixei passar essa pessoa, desviei-me. A forma como ela passou ao meu lado naquele momento não deixou dúvidas, senão me tivesse
desviado tinha sido abalroada. Ela teria passado por cima de mim,talvez porque
estava obstinada, talvez porque sim ou porque não.
Pensava que não era comigo, era com ela, mas fui eu que fiquei presa ao
momento, fui eu que fiquei a pensar nela.
Isto deixa-me a pensar que às vezes dou importância ao que
não tem, vejo coisas onde elas não existem, ou perco tempo a lutar por algo que
não me pertence.
Concordo quando a minha amiga C. me diz que é um trabalho
árduo, mas que trabalhar dentro de nós uma forma “de deixar de possuir” é um caminho para não sofrer tanto quando supostamente nos retirar/tirar algo. Se calhar porque só nos
pertence aquilo que nos quer pertencer, não aquilo que forçamos e protegemos e queremos que seja nosso.
Não possuir se calhar é outra forma de amor.
Mais uma tarefa hercúlea para prosseguir nos próximos
tempos.