quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

FUGIR À MORTE TODOS OS DIAS CANSA – O NASCIMENTO.


Há alguns anos inscrevi-me num curso de escrita de humor porque fazia sentido. Na segunda aula fui convidada, pela Formadora, a desistir. Ela dizia: “Marta tens que perceber que não foste feita para isto, não é suposto termos que explicar a piada, e ainda por cima várias vezes.” 

Mas eu não desisto! Acho que tenho um talento inato e bruto, e por isso venho partilhar a ideia que tive na altura e que agora ganhou forma. A criação de um manual de sobrevivência. Afinal isto de nos mantermos vivos é um trabalho para a vida.

A ideia de criar este manual de sobrevivência nasceu das repetidas conversas sobre “Afinal o que é isto de viver?” que tive, com os meus amigos, enquanto alcoolizada. A acrescentar que a vasta e rica experiência de vida que tenho valida o método de trabalho que defendo, que é a realização do trabalho de campo alcoolizada. E é durante estes momentos de lucidez e cegueira que questiono o que pode determinar o nascimento de grandes ideias.

Eu defendo que todos nós somos como Arquimedes, e que nos momentos mais simples da vida, como tomar um banho, resolvemos as grandes questões da humanidade. E ali gritamos: EUREKA, EUREKA! E tal como Arquimedes estamos nus e vamos gritar para a rua: Achei, Achei!  
Pelo menos é esta a explicação que dou à polícia sempre que eles me surpreendem nas minhas descobertas existencialistas.
EUREKA, EUREKA que descobri como pode ser maçador fugir à morte todos os dias, mas tal como uma corrida desde o primeiro dia, até ao último suspiro, é uma corrida que todos fazemos.

E este Manual pretende impedir que se distraiam com as coisas básicas, como compreender o mundo ou a nós mesmos.
Tem como grande objectivo orientar para o que é importante, o que nos deixa estupidamente felizes.
Vou deixar-me de explicações e de sofismos e vou passar à prática.

Vou por isso começar pelo princípio do princípio.  

O NASCIMENTO

Existem inúmeras explicações para descreverem como tudo começou.

Algumas parecem-me criação de mentes que vivem no mundo da fantasia.

Por exemplo, muitas pessoas acreditam que “No princípio Deus criou o céu e a terra e o resto veio atrás, os animais, os humanos, e os sacanas.
Ora esta é uma daquelas fábulas que não tem pernas para andar, isto porque sabemos que Deus é perfeito e que criou tudo na perfeição. Certo? E que depois veio o Diabo, que veio sacanear isto tudo e levou os primeiros humanos a pecar. E só depois é que veio o mal todo. Eu não vou questionar a origem do Diabo no meio de toda a perfeição porque essa parece-me a parte mais fácil de explicar.

O que não consigo compreender é como é que um Deus, perfeito, omnipotente, que criou um paraíso, que criou o George Clooney e a Angeline Jolie tenha criado o homem e a mulher da forma como eles são. A sério já viram os genitais de um ser humano? Mas viram com atenção?

Aquilo nunca pode ter sido perfeito, mesmo os mais aceitáveis. É por isso que a ideia da criação não me convence. São aquelas pontas soltas…

A outra teoria, que há quem a defenda, é a da evolução. E confesso que durante a minha tenra adolescência ainda acreditei que talvez fosse viável, principalmente porque era uma assídua telespectadora de telenovelas da Globo, e aquele ator brasileiro, o Tony Ramos dava força a esta teoria.

Mas numa conversa que tive sobre o a origem das espécies, enquanto alcoolizada. Eu e a minha amiga Rita chegamos à conclusão que nada escrito por um Carlos pode ser verdade.

Isto porque ela tinha acabado um namoro de dois longos meses com um Carlos que afinal era casado e tinha 4 filhos.

Ela perguntou: “Como é que se chama o tipo que escreveu isso?” E eu disse “Darwin”. E depois acrescentei: “Charles Darwin” e aí ela respondeu cheia de certeza, enquanto arrotava: “os Carlos são todos uns canalhas. Olha o Carlos Cruz!”

E eu fui obrigada a concordar com ela. E libertei-me de mais uma fábula.

Mas é importante acreditar em alguma coisa. 

Por isso li, muito e afincadamente, diversos livros infantis, sobre a origem da vida.
E foi durante a leitura do livro “ups, a cegonha vem aí” que descobri como tudo começou. Primeiro despi-me, depois saí à rua, e de seguida gritei “Eureka, Eureka.”
Acordei na esquadra da polícia, sem documentos, sem roupa e sem telemóvel. Mas eles já me conhecem e ligaram ao meu pai para me vir buscar. E ele foi, mas desta vez vinha preparado com uma daquelas conversas inspiradoras de pai para filha. Basicamente o que ele disse foi: “Estou farto de acordar, durante a noite, com a polícia a ligar para te vir buscar. Ou desistes disto, ou aprendes a correr.” E ficámos assim.  

Descobri como tudo começou, mas mais importante descobri a vida difícil que as cegonhas têm.

Trazer uma criança a este mundo já não é o que era. Ele há a autodeterminação dos povos que exigem novas fronteiras, novas moradas, ele há guerras, a eletricidade, e os postes de eletricidade, o tráfego aéreo, chaminés quase inexistentes, exaustores, Malthaus, e tantos outros desafios.

A persistência das cegonhas é sem dúvida a única razão para que continuemos a assistir a nascimentos.
Escusam de andar por aí a colocar sementes, deixem-se disso, dessa trabalheira. Não vale a pena.

O que realmente importa é facilitar a vida às pobres cegonhas.

Assim, os meus conselhos são: contratar um bom limpa-chaminés; tirar as fisgas das mãos dos putos quer tenham boa ou má pontaria, e escrever, às cegonhas, com letra legível.

Resumindo, se depois da notícia que vem aí um bebé, se o bebé chegar mesmo depois de 9 meses dessa notícia sabemos que esses bebés, dependente dos meses de gestação, tiveram 280 dias a fugir à morte. E é por isso que quando os bebes chegam a casa, finalmente podem dormir e esquecer a atribulada viagem que fizeram, e chorar sempre que se lembram das pancadas e quedas que deram embrulhados naquela fralda.

Finalmente perceberam como é que Jesus nasceu?

Mas mais desafios existem e eu tenho algumas sugestões para sobreviver a eles.

Mantenham-se por aí!


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