quinta-feira, 31 de maio de 2018

FUGIR À MORTE TODOS OS DIAS CANSA – SER ADULTO


 E agora o que é isto de ser adulto?
Será que tenho que sair de casa? Começar a pagar contas que não são rodadas a amigos? Deixar de fazer piadas? Acordar com um despertador? Falar da actualidade que não envolva futebol? NÃAAAO. Não queremos!
Ser adulto não é o fim do mundo, mas é o fim de muita coisa. Apesar disso não é completamente mau porque significa que ainda não foi desta que batemos as botas.
No geral, os adultos não me assustam, excepto aqueles que tentam passar-me responsabilidades. Esses assustam-me. E desses temos que fugir senão corremos o risco de crescer rápido demais.
Mesmo no fim da Secundária eu e a Rita fomos aconselhadas a ir ao Gabinete de Orientação da Escola. Ainda hoje me pergunto porque raio nos aconselhariam a fazer tal coisa, já que sempre nos orientámos tão bem, mas lá fomos.
Estes Gabinetes existem para ajudar os alunos a pensar sobre o que querem fazer no futuro. Eu e a Rita para o futuro queríamos o mesmo de sempre, tudo de bom. Bom vinho, bom som, bom tempo, bom sexo, enfim que tudo o que viesse fosse, no mínimo, bom.
Acabámos por ir ao Gabinete de Orientação, mas apenas porque pensávamos que se tratava de um Gabinete de Orientação Sexual e que no fim nos dariam contraceptivos, mas fomos enganadas. Deram-nos uns testes psicotécnicos para fazer. E com base nas respostas que demos indicaram-nos a carreira que melhor se adaptava ao nosso perfil.  
Todas as pessoas com quem falei receberam o mesmo resultado, a advocacia, inclusive a Rita. Todos dariam bons advogados. O que não me surpreende com o país que temos. Mas os meus resultados foram diferentes. Só conseguiram apurar aquilo que eu não devia fazer, e que era basicamente tudo. Não tinha jeito para nada. 
A Rita lá acabou por ir para a Universidade, com o argumento: “já viste as festas brutais que se fazem?”. Mas não me convenceu. E ela também se arrependeu, logo na primeira semana na Universidade. Os seus primeiros meses no Ensino Superior foram de difícil integração, mas a partir do momento em que os tipos que ela espancou, porque a quiseram praxar, saíram dos Cuidados Intensivos tornou-se mais fácil a sua integração. Lá começou por voltar a ser popular, a ser convidada para ir a festas e arraiais. Só muito tempo depois voltou a bater, numa tipa. E em defesa da Rita a tipa estava a pedi-las, convidou-a para entrar para a tuna. A Rita é uma pessoa muito sensível e com pouca tolerância para palhaçadas.
Comigo as coisas foram diferentes, eu fui estagiar para um sítio com horários fixxes. E posso vos dizer que desse tempo tirei dois grandes ensinamentos para a vida: o primeiro é que podemos chamar tudo aos nossos chefes, desde que eles não nos ouçam; e o segundo é que se formos agarradas pelo nosso chefe, temos que ter as mãos soltas e ser ágeis para rapidamente baixar a cara e colocar os braços à frente. É neste momento muito importante que recordemos o sábio conselho: CORRE! E também que saibamos gritar.
O dia seguinte é sempre melhor, ou não, mas pelo menos já não seremos apanhadas de surpresa.
Há ainda quem comece a trabalhar de imediato por que sim e porque não havia outra opção. E existem ainda aqueles que acabam por falecer, neste impasse.
Ser adulto não é fácil, mas nada é fácil. Na realidade dá trabalho estar sóbrio 8 horas por dia, acordar com o toque de um despertador, vestir roupa sem nódoas e sem estar amarrotadas, não adormecer nos transportes, e aprender a sorrir mesmo quando sabemos que nos estão a lixar.
E mesmo quando fazemos estes sacrifícios todos, ainda assim haverão adultos a questionar as nossas decisões. Idiotas! E de um momento para o outro, tu queres aproveitar a vida, mas já te estão a empurrar para um modelo de vida que te causa urticaria só de pensar.
E é nesse momento que tens que decidir que farás aquilo que te apetecer com a tua vida. E este manual vai preparar-te para sobreviveres a esta fase da vida.
Vou recorrer à arte de outros, e que dizem que é a sétima, porque parece que há mais seis atrás. Há pessoas com muito tempo. Então aqui vão os ensinamentos para sobreviver à “adultice”.
1.      Dirty Dancing
Este filme passa-se num campo de férias, frequentado por famílias, e onde existem atividades organizadas para as famílias. Graças a Deus que o Patrick Swayze também estava por lá, mas com outro nome, e também tinha ofertas de lazer para oferecer, de dança. E como é sabido o quão é difícil é encontrar homens que dancem bem, foi fácil para o mulherio daquele campo apaixonar-se por ele. A parte que sempre foi difícil foi a parte do salto.
Chegando a esta fase da vida queremos passar férias longe dos pais, mas este filme revela-nos o outro lado da moeda, se os nossos pais nos quiserem levar nas suas férias vamos a isso. Viajar nas condições que os nossos pais viajam é de aproveitar, não temos que nos preocupar nem com comida, nem com a roupa. Não vai ser uma seca se nos focarmos no grande objectivo: arranjar “um Patrick Swayze para as férias”.
E meus amigos para afastar a morte é bom que não aceitem para par quem não vos fizer levantar um pé do chão, pelo menos um dos pés.  
2.      The Hangover / Bridesmaids
Estes dois filmes são sobre despedidas de solteiros e os amigos que se convidam, ou organizam a despedida de solteir@. Com sorte não existem intoxicações alimentares, nem mortes, mas a ideia de trabalhar para conseguir uns trocos para estourar em Las Vegas, Amesterdão, Bangkok ou noutra parte do mundo, com os nossos amigos, é um bom objetivo. E o motivo não precisa ser uma despedida de solteiro, pode ser porque alguém se separou ou foi despedido, ou alguém morreu, ou tudo junto, o importante é ter dinheiro e amigos para viajar. Mas é necessário ter algumas precauções até porque existem muitas doenças contagiosas que não é conveniente trazer como souvenir. Ninguém quer ser preso, nem morrer. O objetivo é trabalhar para a criação de memórias e para as criar temos que nos lembrar delas por isso está fora de questão ser atropelado, cair de uma janela ou entrar em coma.
3.      The Last Kiss
Resumidamente é preciso ter cuidado com miúdas baixas e morenas, e também com amigos que não sabem mentir por nós. É muito triste não poder contar com as pessoas nos momentos que mais se precisa.
A grande lição que se tira neste filme é que podemos enganar, fugir, esconder, querer, ou deixar de querer, ou até assustarmos-nos, mas o que marca a diferença entre o ser adulto e o não ser, é que será a partir deste momento que seremos nós que temos que resolver as situações que criamos. E ninguém vai morrer de medo por isso, ok? Morrer de medo está fora de questão!
4.      The Garden State
É talvez o meu preferido destes todos. É sobre a perda. Alguém que não conseguiu rasteirar a morte e acabou por ser apanhada, talvez porque a falecida vivia presa numa cadeira de rodas, e não é muito fácil correr enquanto se está presa.
É também sobre a frustração, a solidão e a arrogância, e sobre a simplicidade de viver. Viver e sentir. Sentir que se está vivo, mas principalmente sentir as pernas e correr para longe, sempre que a morte se aproximar.
5.      Anything Else
Porque as relações humanas vistas pelos olhos do Woody Allen são perturbadoramente divertidas. Na sua loucura, no inesperado e também na importância da experiência, dos conselhos. Mas talvez o mais sábio seja acreditar que a maior parte das vezes que as coisas não dão certo é porque ainda não chegou o seu tempo. E isso é, só por si, o engodo para continuar a querer viver, somente para presenciar o momento certo!

6.      American Pie
Já perdi a conta em que número vai, mas fico só pelo primeiro destes filmes. Uma tarte nunca mais será uma tarte. Ser finalista será sempre um desafio, mas pode ser um desafio com muita piada. E ao qual sobreviveremos, e alertas. Iremos amar a ausência do nosso pai e nunca, e de forma alguma, deixaremos a nossa mãe sozinha com um colega que a considere uma “Milf”.
7.      Misery
Porque sim! E também porque é um dos melhores thrillers que assisti. E acho que nenhum adulto deveria morrer sem ver este filme. A acrescentar a este motivo, o facto de no fim da primeira e da segunda temporada do Game of Thrones ter vontade de ser a “Annie”, do filme Misery, e cuidar da saúde dos seus produtores.

Espero que tenham percebido que dêem as voltas que dêem se continuam vivos, é impossível não passar por estas fases. Com mais ou menos responsabilidades, mais ou menos álcool no sangue, mais ou menos doenças ou problemas. Tenho dicas para fugir à morte, mas ainda não tenho para parar o tempo e olhem que já parti alguns relógios só para experimentar e a única coisa que aconteceu foi chegar atrasada porque não sabia a que horas andava e ainda tive que apanhar os cacos do chão.
Fiquem por aí, e entretanto se a morte vos bater à porta não abram! Depois não digam que não vos avisei!  

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