Fora e dentro de relações. Já que temos que lidar uns com os
outros e há uns outros com os quais temos e sofremos de empatia imediata o que
fazer com os outros com os quais existe uma desconfiança imediata?
Bem, se formos cristãos pensamos como faria Jesus, se formos
muçulmanos como faria O Profeta, ou se formos ateus como a matéria ou as leis
universais poderão determinar, e por aí adiante.
Cá a meu ver cada vez mais digo que se deve seguir o instinto.
Dar tempo ao tempo, mas utilizo a fórmula cristã de dar uma hipótese ao
próximo.
Quando as coisas se revelam, ou acertamos ou falhámos no
palpite instintivo temos sempre razão. E é isso que, invariavelmente, os seres
humanos procuram ter a razão.
Como seres inteligentes que somos conseguimos sempre
arranjar uma boa argumentação para termos razão. No fundo sabemos que independentemente
do lado razão existe uma vontade e se é a nossa vontade não lidar com aquele
outro não há nada que nos possa obrigar. Por mais que nos obriguem, as
convenções ou quem nos rodeia.
A vida não é de todo justa, mas é uma boa mãe ensina-nos
muita coisa, e como em quase tudo precisamos ser bons alunos,bons ouvintes e
bons observadores e aprender com ela.
Alguém dizia que temos 2 ouvidos, 2 olhos e 1 boca se calhar
porque precisamos de ter o dobro da visão e da audição para falar menos, mas
falar acertado.
Com as vivências apuramos os nossos sentidos e direccionamos
os nossos impulsos para o que vale a pena. Tenho aprendido que o que vale a
pena não faz mal, não nos deixa sentir mal, deixa-nos orgulhosos, inicialmente
inseguros ou nervosos, mas com o passar do tempo certos do que realmente vale a
pena lutar, suportar, ignorar, amar ou deixar para trás.
Lidar com outro é aprender a controlar as nossas
inseguranças e medos, deixá-lo entrar na nossa vida. Deixar que a
proximidade de alguns não merecedores prejudiquem as nossas relações futuras é
improdutivo para nós.
Vale a pena lidar com outros e descobrir o que temos dentro
de nós e arriscar, sabendo de antemão que nem todos serão merecedores. Mas não
importa, só damos aquilo que queremos e como a vida nos muda, e como muda, o que
ontem parecia irrecuperável amanhã será desnecessário.
No fundo, viver é aprender a sobreviver às nossas relações,
inevitáveis, com outros e com o Universo.
A resposta à pergunta inicial para mim parece-me óbvia e
passa pelo conhecimento que temos de nós próprios.