segunda-feira, 28 de março de 2016

Observando

Dia 1: Depois de ir buscar os miúdos à Escola, senti o sol na cara, pensei que ainda poderíamos aproveitar uma hora de parque infantil. E lá fomos nós para os baloiços...
Quando lá cheguei deparei-me com um grupo de mães que teriam filhas na casa dos 8 anos, um pouco menos, um pouco mais... quem sabe.
Estas mães tinham as filhas em baloiços para crianças mais pequenas, mas elas estavam demasiado ocupadas para pensar nas outras crianças, ou até nas suas crianças, porque estavam em grupo a conversar e enquanto isso as filhas estavam entretidas, sem as incomodar, naquele precioso baloiço que não era para as suas idades, mas o que fazer?
A conversa estava animada, falavam de alguém que não estava presente, mas que era "uma cabra", palavra que foi isso que elas disseram em voz alta. OS meus olhos nesse momento pararam nos olhos de um pai, que empurrava a filha no baloiço, e rimos, rimos muito porque aquilo era muito engraçado. Elas nem perceberam que todo o parque estava a ouvir, inclusive as filhas, porque estavam muito envolvidas.
A conversa parou porque uma das miúdas caiu. E chorou. E a mãe irritou-se porque teve que parar de conversar. E aquela queda foi o motivo para uma das mães olhar para o relógio e dizer tinha que ir embora porque era tardíssimo, "e ainda tenho que buscar o Y" (que depreendi ser o irmão mais novo de uma das miúdas).
Enquanto isto, a outras miúda chorava e a sua mãe disse: "pára lá com o choro que isso não resolve nada".

Querida mãe, se por acaso leres estas palavras deixa-me que te diga que chorar pode não resolver nada, mas que ajuda, lá isso ajuda.


Dia 2: Passeio em família. O M. dormia no carrinho, a M. explorava, eu tirava fotos e o Z. empurrava o carrinho onde o M. dormia.
Outro casal à nossa frente na mesma situação.
Sabem aqueles olhares que trocamos com pessoas em situações semelhantes, o piscar de olhos de cumplicidade? Pois esses olhares nem sinais, existiram entre nós.
O que observei e o que reteve os meus ouvidos foi a seguinte situação: havia umas escadas estreitas, mas não eram nem muito longas ou íngremes, e esse casal preparou-se para descer, a senhora segurava a filha de uns 5/6 anos pela mão e o pai gritou: "tens que me ajudar com o carrinho". A mãe deixou a mão da filha para seguir as ordens daquele pai.

Esperei pela nossa vez de descer. Peguei na mão da M. e desci com ela e não ouvi o Z. a pedir ajuda. O Z. e o carrinho desceram, e o Z. não pediu ajuda.
Não satisfeita esperei que o M. acordasse e de carrinho vazio peguei no carro e tentei descer as escadas que eram estreitas... et voilá eu também consegui passar pelas escadas estreitas.

Querido pai se por acaso leres estas palavras faz-te um homem, assegura naquilo que podes que os teus filhos estão em segurança porque haverá tantos momentos que nada poderás fazer...

Dia 3: Jantar em família.  Chegámos ao restaurante e esperámos que o empregado nos indicasse a mesa, mas um casal bem mais esfomeado do que nós passou-nos à frente. Nada dissemos, mas aquela situação incomodou-me, como todas as situações que envolvem "chico espertos". Quando esse casal se encontrava já sentado nós fomos encaminhados para outra mesa, e quando passávamos com a M. e com o M. a senhora sorria para eles. Eu? Eu fiz a minha cara "só podes estar a brincar", virei a cara do M. e da M. porque aquelas pessoas não mereciam a simpatia desta família.

Dia 4: Pequeno-almoço em família e novamente a mesma situação, com outra família.
Desta vez foi à saída que aconteceu um episódio curioso, enquanto saíamos um senhor preparava-se para entrar, a quem segurei a porta para entrar, esse senhor, amavelmente, cedeu a sua passagem, a quem? À família mal-educada que passou à nossa frente, e pensei: "era só o que faltava" e larguei a porta na cara de quem vinha atrás de mim.

Famílias, não-queridas, que não respeitam o próximo se lerem estas palavras meditem nelas, já é difícil "dar a outra face uma vez" quanto mais duas vezes. Noutra altura teria defendido a educação, mas já percebi que existem selvagens no meio das pessoas e temos que aprender a viver com esses selvagens, que nem bom nome dão aos verdadeiros animais selvagens, criaturas que muito respeito.
Aquilo que destaco é a importância de dar bons exemplos a estas crianças, e portanto senhores e senhoras da selvajaria peço p.f. que mantenham a distância de mim e dos meus filhos, quero ensiná-los a serem melhores pessoas do que eu sou e vocês destapam uma parte de mim que gosta muito de justiça....


Escrito isto, tenho a dizer que nada disto estragou estes dias de diversão, descobrimentos e partilha. Apesar do podre estar lá, tirei a fruta boa antes do podre lá chegar, acho que estou a aprender a aproveitar a vida... grata por tudo o que tenho dentro e fora de mim.
Mas não quis deixar de partilhar estas observações ;)

Assina, a pessoa que conhece muitas "cabras";
a mãe que tem uma filha com nove pontos na cara e um filho que está sempre ranhoso;
que tem como companheiro quem não se queixa e está pronto a ajudar e a fazer, mas ao seu ritmo :)))

Ainda a aprender a observar (me)