sábado, 4 de novembro de 2017

... aprecio a solidariedade alheia...

Lisboa, 1 de novembro de 17 – 09:00 H. Feriado. Ótima manhã para acordar mais tarde. 

Com um compromisso a meio da manhã imaginei um pequeno-almoço numa boa pastelaria. Comeria o meu croissant com queijo e beberia o meu galão. Mas tinha que me despachar, afinal o acordar tarde acabaria por me atrasar.  

Não podia sair de casa sem deixar pão fresco (ou quente) para quem ficava. Antes de sair, para comprar o pão, olhei de relance para a lista de compras e reparei nas prioridades, água e cerveja.

Ao chegar ao supermercado encontrei uma promoção na cerveja, de 50%, e pensei vou levar. Peguei 
num garrafão de água, no pack de cerveja, e claro no pão.  
Dirigi-me à caixa e coloquei os produtos. O rapaz acabou por me dizer o quanto tinha que pagar e o total era exorbitante. 
Perguntei se não tinha direito à promoção e ele respondeu que isso só era possível com o cartão daquele supermercado.
Eu acabei por dizer que sendo assim não levava a cerveja. E foi nesse momento que uma onda de solidariedade se criou. Uma das senhoras que estava na fila disse-me “passe com o meu cartão” e eu agradeci dizendo “deixe estar, eu volto depois com o meu cartão.”

O rapaz da caixa disse que também poderia passar com o seu cartão, mas que perderia o direito aos descontos. E eu dizia, “não faz mal, eu só não quero levar agora esta cerveja porque estou a perder a oportunidade de pagar metade do valor”.

As senhoras que se seguiam diziam, “a cerveja é sempre boa, mas se for barata, melhor". E uma delas insistia que usasse o seu cartão.

Lá aceitei e usei o cartão que amavelmente me foi emprestado e trouxe a cerveja, a água e o pão. 

Agradeci e despedi-me.

Quando cheguei a casa, com um pack de 15x25cl,de cerveja, o Z. agradeceu porque segundo as suas palavras “era mesmo isso que me estava a apetecer”. De seguida contei-lhe a história e disse “acho que todas aquelas pessoas pensaram que eu precisava de cerveja às 9h30.”

E, o facto delas pensarem isso não me incomoda, o que me incomoda mesmo é pensar que se consegue beber cerveja sem estar bem fresca, isso sim incomoda-me.

Neste dia, fiquei ébria com a vida, e por algumas horas, porque não tive que fazer camas ou preparar pequenos-almoços. Só tive que me "por a andar". Colocar os fones, e chegar rapidamente àquela pastelaria e pedir o meu pequeno-almoço.

Mas, enquanto andava pensava, neste episódio, e em como as pessoas são solidárias e generosas. Sim, é verdade, mas tudo depende da causa. E como ficou comprovado a cerveja é uma boa causa. 


Tenho apreciado na vida, em diversos momentos, a generosidade humana. As voltas que o mundo dá, e nessas voltas aprendo mais sobre mim, como aprecio o humor e como fico triste quando não consigo encontrar motivos para sorrir. 
A vocês que procuram, como eu, "the bright side of life" bebam muito.  Bebam e brindem à solidariedade que nos une, humanidade boa. 

E até nesses momentos de algum vazio humorístico aprecio a solidariedade alheia, que me faz rir e que puxa por mim.