sábado, 30 de junho de 2018

FUGIR À MORTE TODOS OS DIAS CANSA – VIDA A DOIS. O QUE É QUE FAÇO COM ISTO?


        Bem chegamos aquela fase que procuramos, porque alguém nos colocou na cabeça que é necessário para a nossa longevidade, um@ companheir@ para a vida. Alguém nos vendeu essa ideia, e acho que foi uma campanha publicitária brutal, porque a maioria das pessoas que conheço comprou-a. Ou foi isso ou então a maior parte da população é basicamente parva. O que me faz duvidar deste último argumento é o facto de conhecer muitas pessoas e nem todas elas serem completamente parvas. Pelo menos duas delas não são. (Vocês sabem de quem é que eu estou a falar) 
Porque é que temos que acordar ao lado da mesma cara até que a morte nos apanhe? Que nos apanhe a nós ou à pessoa que nos acompanha. O primeiro que se deixar apanhar deixa o outro livre! Mas se for aos 80 anos, que um de nós estique o pernil, estamos livres para o quê?
Para pegar na lista telefónica como o Gabriel o Pensador? Começar a ligar, à maluca, para aqueles números e perceber ou que aqueles números não existem, ou que aquelas pessoas não se lembram de nós, por causa do Alzheimer, ou pior ainda que elas já pereceram. Ainda acabamos por morrer de desgosto, senão nos acautelarmos.

            Numa destas nossas noites de copos, eu e a Rita já tínhamos mandado abaixo 2 jarros de vinho à pressão e começamos a falar sobre as coisas importantes da vida, alheira com batatas fritas e ovo estrelado. “Estrelado ou a cavalo?” perguntei e ela respondeu: “que dê para chafurdar com pão”. A Rita adora alheira e disse-me que só ficaria com alguém que soubesse cozinhar isso. Eu respondi: “Rita comer tanto ovo ainda te vai dar cabo do fígado.” E continuamos a beber.
            E foi aí que ela me perguntou se eu queria ir viver com ela, e eu disse que não porque já estava a viver com o José. E era complicado viver em duas casas diferentes, mas se fosse importante para ela eu até conseguia. E ela disse: “Deixa lá, eu arranjo outra pessoa para limpar a casa.” Temos uma amizade sólida!
            Mas afinal o que é que leva pessoas a quererem viver com outras pessoas?
Simples.
Já viram o preço das rendas? E a documentação que um Banco pede para conceder um empréstimo?
Então e quando falamos daquelas pessoas que herdaram uma casa e mesmo assim querem dividi-la com alguém?
O motivo é óbvio porque querem alguém para dividir as despesas.
E aqueles que ganham imenso dinheiro e que podem pagar rendas altas e as despesas?
Bem para esses a resposta é ainda mais fácil, para terem alguém que não deixe o frigorífico esvaziar e que leve o cão à rua.  
            Mas já conheci pessoas que se apaixonaram e esse é um dos piores motivos que leva alguém a juntar-se com outra pessoa. Ainda bem são raros os casos em que isto acontece.
            Há ainda outros, por exemplo, a Rita, que engravidou e achou que a criança devia conhecer o ser que participou do ato sexual.
            E, no meu caso, casei para que o José não fosse extraditado.
            Boa parte das pessoas que conheço vão viver com alguém ou porque estão entediadas, ou com falta de dinheiro.
Se alguém conhecer outro motivo fale agora, ou cale-se para sempre.
Parece que a ideia de envelhecer na casa dos pais ou rodeada de gatos está fora de moda. E não percebo porquê. A parte dos gatos percebo porque tenho medo de gatos, mas já não tenho medo dos meus pais. Aliás quase todos os pais que conheço queixam-se que os filhos não lhe ligam, ora isto não aconteceria se eles vivessem lá.
            Viver, seja com os pais, com um amigo, com namorados, com um animal de estimação, ou sozinha não importa. Não importa com quem, foquemo-nos no mais importante da frase o verbo VIVER.
Queremos viver da melhor forma e essa é perto de quem gostamos e de quem gosta de nós. Vou repetir: de quem gostamos e de quem gosta de nós. E para aguentar a dor, ou para tomar decisões válidas até à morte, não há melhor conselheiro do que a música. A melodia em sintonia com as palavras.
Aqui vos deixo a minha Seleção, o meu 11, para este Mundial que é a vida:
Aquele cabelo! Não mexe! Aqueles movimentos de pernas! Confesso que sempre encontrei semelhanças entre o Rod Stewart e o Jorge Jesus, no cabelo é certo, mas ainda assim quem canta: “time is on your side” joga no meu clube!
2.      The Cure – Mint Car
O amor e a paixão. Que seria da vida sem estes ingredientes? Que seria da vida sem The Cure? Estão uns para os outros. Amor sem paixão e sem música não está completo. Robert Smith eu sempre soube que connosco “it will always be like this, forever and ever and ever…”.
És o capitão da equipa!
Mas há quem se apaixone por pessoas desprovidas da capacidade de amar, porque jogam à defesa. E como quem se apaixona corre riscos, é bom relembrar que só se mantém uma equipa se esta é vencedora. Senão vence temos que recorrer às substituições. Acontece, mas tudo bem. Diz o Fred Mercury; “life still goes on”. Este também faz parte do meu 11.  
4.      Pet Shop Boys – Rent
Trocar um clube por outro que paga mais não é errado. Tudo depende da forma como se faz. Existem alguns princípios como a honestidade, o respeito que podem nos orientar na transferência. Ninguém quer ter um surto psicótico, ter um portátil à mão e manchar para sempre a cidade de Nova Iorque. E se o Cristiano Ronaldo quer sair do Real Madrid porque eles não querem pagar parte da sua dívida ao fisco, está no seu direito. E com os Pet Shop Boys já temos um titular e um suplente: " Look at my hopes, look at my dreams."
As interrogações fazem parte de nós e também dos outros. Ainda não estou farta de escrever que viver não é fácil. E o facto de nos questionarmos não é mau. Mas às vezes quando se recua muito no campo, e se passa a bola para a defesa não contamos com um contra-ataque e podemos sofrer um golo. Lá dizem os Talking Heads: “And you may ask yourself: -Well... How did I get here”.
Não tenham medo, podemos dar a volta ao resultado. Um empate não é mau, e quem sabe ainda damos uma goleada. E já temos mais um para o meio-campo, David Byrne.
Quando pensamos que só ainda estava um “jogador” no banco dos suplentes, espeto aqui com esta versão moderna da Família Von Trapp, que nos preenchem a vida com táticas para continuar a viver como se nunca tivéssemos saído da Terra do Nunca. E se eles conseguem, nós também nos iremos conseguir defender das lesões, das faltas de tudo o que é importante. E com o banco de suplentes completo, venha de lá esse gelo: “no cars go, where we know”.
Porque todos nós precisamos de alguém em quem confiemos. Aquele que faz a correta leitura do jogo. Que mesmo quando acabam de fazer uma falta na pequena área, e é penalti contra nós, nos diz “tu consegues”, “tu defendes isso”. O Bruce Springsten está cá para isto. Mesmo quando desligam as luzes no campo e temos que continuar a jogar: “Even if we're just dancing in the dark” 
Consegui, e agora? Ganhei o campeonato, a liga e o torneio. Então não era agora que eu iria ter verdadeiro prazer em viver? Ganhei tudo o que havia para ganhar. Consegui os melhores contratos da história e mesmo assim ainda sinto que não cheguei lá, não faz mal. O Morrisey joga nesta equipa e ele diz que é possível viver assim, deprimido e à procura desse título que ainda falta.
Às vezes as táticas falham, e outras vezes os seres humanos falham. É um facto! Mas pequenos momentos colocam-nos na memória de alguém. Pensemos no golo do Éder, que permitiu a Portugal ser pela primeira vez campeão europeu de futebol. Se calhar o Éder nem queria estar ali, mas como estava fez o seu melhor. O António Variações sei que vai dar o seu melhor, mesmo que no dia seguinte o corpo vá doer. Vamos: “Continuar a procurar o lugar" no mundo, ou na equipa!

 Neste 11 não poderia faltar Eddie Vedder porque ele sabe como nos deixar a sorrir. Porque ele não tem medo de arriscar, mesmo quando o seu público o deixa cair no chão. E ainda assim ele levanta-se e continua a jogar e sempre com classe: Don’t it make you smile?

Todos sabemos que depois de qualquer jogo o que todos queremos é ir para casa. Rever na televisão as jogadas, as falhas, ouvir os comentadores, e beber uma cerveja fresca antes que comece. Porque “Home is wherever I’m with you”.

E como treinador da equipa: David Bowie – Absolute Beginners
O nosso Mister, a sua vida, o seu exemplo, arriscou, experimentou, movimentou-se pela vida como um camaleão. Utilizou as palavras certas, frases, melodias que nos seguram, principalmente quando queremos partir a cara do árbitro.
Ninguém comum poderia cantar: “I absolutely love you?”
I've nothing much to offer; There's nothing much to take; I'm an absolute beginner; And I'm absolutely sane; As long as we're together; The rest can go to hell; I absolutely love you

Não percamos tempo da nossa vida com quem não nos trata bem. Acabaremos por descobrir que o amor não suporta tudo. Preparem-se para falhar e para aceitar as falhas dos outros, para ceder muitas vezes. Faz parte do crescimento, e crescer faz parte da vida e às vezes é doloroso, mas nós conseguimos aguentar.
Fiquem por perto porque estou a pensar numa Seleção feminina e inspiradora.
Mantenham-se por aí porque ninguém vai morrer durante a minha vigia!