O Natal, o Natal, ó pá que bonito que é o Natal.
Tudo cheio de neve e lareiras. As
pessoas bem vestidas, o cheiro de comida e a Mariah Carey a cantar por todo o
lado.
Ah, espera, mas e se vives em Loulé?
Mas e se não há neve?
E se as pessoas se vestem e cheiram
mal?
E se estiver muito frio?
É um horror, por favor, tirem-nos
desse Natal.
Confesso que há coisas de que gosto, nesta época, tipo os doces. Porém, só de imaginar as filas para comprá-los, fico com azia.
Defendo que deveria haver marcação
prévia, devia ser possível fazer um agendamento, como acontece para tratar da
renovação do cartão de cidadão.
No Natal também gosto das iluminações, as lojas e as ruas, os mercados e as vilas Natal, a animação nas ruas, Mariah Carey e os Wham a tocar por todo lado. Contudo, alguém inventou para esta altura o jantar/ almoço de Natal da Empresa. Gosto muito de almoçar e jantar, mas não com as pessoas da empresa. Quer dizer, convenhamos, basta o dia-a-dia na empresa e as horas extraordinárias.
A minha sugestão para todas as entidades patronais do mundo que gostam de organizar "eventos especiais de Natal" é: preocupem-se preocupem com as necessidades dos vossos colaboradores e deixem-se de tretas. Há dinheiro, deem prémios, não há dinheiro, dêem-lhes tempo e não sejam uns FDP durante o ano.
DE NADA! Estou cá e também é para isso!
Depois há uma lista de marcos que acontecem no Natal, listas de compras, tradições, ceia de Natal, almoço de Natal, família e aquelesquedizemquetambémsãofamíliaequeparecemalnãoconvidar, sim esses. Há sempre um, ou vários, certo?
É por causa das obrigações do Natal que resolvi partilhar convosco alguns conselhos para sobreviver a esta quadra festiva.
DE NADA! Estou cá e também é para isso!
1. Como evitar comer couves?
Grau Fácil.
Nas duas semanas que antecedem esta
época informem, "a organização do evento", que descobriram que são
intolerantes a couves. Agradeçam, mas não podem comer porque senão vão ter de
ir para casa porque vão ficar com um desarranjo intestinal muito fedorento, que
poderá colocar em risco a noite branca.
Grau Fácil.
Um mês antes do evento informam, a
quem de direito, que houve um enorme incêndio na vossa cozinha, que estão à
espera de que o Seguro resolva a situação. Serão compreensivos, pois todos
sabem como as Companhias de Seguro demoram a resolver o que quer que seja…
Grau Médio.
Porque é que preciso muita lata.
Quando a pergunta surgir, aguenta, não respires, estás distraído com outra
situação. Faz-te esquecido e deixa que alguém avance. Há sempre alguém que
gosta de receber.
Grau Difícil.
Só está na nossa mão quando formos
nós os responsáveis pela música, basicamente na nossa casa, na rua ou noutras
casas por favor protejam-se.
Sugestões: Andar munido com fones e com
uma boa playlist.
Podem, sempre, pedir para
passar para a música seguinte, mas vais ter de aguentar. Simultaneamente, reza,
fervorosamente e sempre para que surja um novo hit de Natal.
Grau Difícil.
Se fores tu a cozinhar podes fazer o
que te apetece e se te confrontarem com a questão, arranja cúmplices para uma
solução que não te exponha. Tu e os teus cúmplices devem criar uma doença
mental. As pessoas tendem a respeitar os maluquinhos. Estás com um
esgotamento nervoso, e qualquer contrariedade conduzir-te-á a um surto extremo
que pode levar à violência. Para dar credibilidade a este diagnóstico, inventem histórias
que envolva a polícia e os bombeiros, revelem marcas e se possível
choraminguem.
6. Como esquecer de convidar aquelesquedizemquetambémsãofamíliaequeparecemalnãoconvidar?
Grau Extremamente Difícil.
O esquecimento não depende de ti,
pode haver alguém que se lembra de convidar, por pena, por qualquer coisa,
talvez por culpa ou por empatia ou porque é parvo. O que aconselho é que
simplesmente cumprimentes a pessoa e que não voltes a trocar uma palavra, um
olhar, uma travessa. Nada. Que passes o evento em meditação profunda, mas de
olhos abertos.
Estava a elaborar esta lista,
enquanto esperava pela minha amiga Rita e antes de a terminar a Rita
chegou. Ela perguntou: "O que é que estás a escrever, croma?"
E eu aproveitei para lhe pedir a
opinião, li-lhe o que tinha escrito. A Rita pediu dois gins, bebeu um como se
este fosse um shot. Percebi que a tinha irritado.
Quando acabou de beber o gin, olhou
para mim e perguntou: "Já sabes como é que se sobrevive ao Natal?"
Ao que respondi: "Rita, não
posso ficar doente, todos os anos, nem dizer que vou viajar."
A Rita bebeu o segundo gin, num
ápice e gritou: "EMBRIAGADA!!!"
DE NADA! Estou cá e também é para isso!