segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A longa caminhada!


Dei comigo a olhar para os meus amigos mais portáteis, os livros, aqueles que li em 2013, e em todos as palavras liberdade e livre foram uma constante.

Este ano morreu um dos homens que mais lutou pela liberdade, e morreu sem a ver, na sua plenitude. Acho mesmo, e como escreveu o grande Almada Negreiros "Nós não somos do século de inventar as palavras. As palavras já foram inventadas. Nós somos do século de inventar outra vez as palavras que já foram inventadas."
E, penso, se calhar é essa uma parte do meu papel arrancar das folhas, das frases feitas as palavras importantes, questionar a boa colocação dessas palavras em algumas frases e dar-lhes o verdadeiro significado.
O nosso significado.

E isso passa pela seleção daquilo a que queremos ficar presos e aquilo que queremos largar.
Não sei se a isto se chama inventar, mas chama-se certamente maturidade e com os anos a passar existe carga que não faz sentido carregar.

A longa caminhada que ainda temos para fazer não será tão dura como a de Nelson Mandela, mas se ele foi capaz de se opor, se teve a coragem, se conseguiu viver preso quase uma vida e se para ele tudo isso valeu a pena, a nós pede-se muito menos.  Devemos ser capazes de perceber que a humanidade é um superpoder ao nosso alcance, temos o dever de saber como usá-lo em prol da liberdade que queremos para nós e para os nossos.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Girls don't cry

Aqui estou às voltas com a cabeça a pensar naquilo que fiz, ou naquilo que não  fiz, nesta vida, que já vai sendo longa. Sinto que uma boa parte daquilo que ficou por fazer foi por falta de coragem. Outras por falta de capacidade e ainda outras porque os acontecimentos da vida sobrepuseram - se.

Não tenho coragem suficiente para escrever tudo aquilo que não me matou, mas que me deixou mais fraca, sei que muitas dessas coisas marcaram o meu presente.

É mais fácil recordar os momentos felizes, aqueles lugares de conforto no passado, em que uma gargalhada, uma piada deixava a barriga a doer. Em que imaginava um futuro de sucesso e de felicidade.

Confesso que durante a minha adolescência pensava na morte como um teste, ora se eu morresse quem é que iria ao meu funeral? A quem e que falta faria?

Mas sempre fiz e agi com muita alegria e barulheira por isso tenho a certeza, nem que fosse pelo silêncio que ficaria, que a minha ausência seria sentida.
Evito fazer do meu passado um local de histórias não muito felizes, não perco tempo a vitimizar-me. 
Gosto de recordar as pessoas e os momentos que fizeram a diferença,  e por isso talvez me repita tanto.

Critico muito, oponho -me ao que não acho justo, mas se calhar choro pouco porque falo demasiado.

Chorar  é doloroso, se calhar nunca o aprendi a fazer ou porque não havia tempo para isso ou porque à volta de quem cresci era sinal de fraqueza.

Ainda não sei como lidar com as tristezas,  ainda penso que se houver um culpado é mais fácil apontar o dedo e evitar pensar.

Ainda continuo a pensar no significado da vida e na capacidade de olhar para  seu lado bom, e acredito que é possível, só que há momentos que parece muito difícil..