Reserva e deixa que faça sentido.
A pressa nunca foi boa conselheira, mas por momentos escrevi cozinheira invés de conselheira, e isso fez-me lembrar de uma história.
Havia um restaurante onde o cheiro da comida inebriava qualquer um, o ar que se respirava sabia sempre a qualquer coisa que iria deliciar mais a barriga do que o nariz.
Um dia em conversa com uma das donas, e também cozinheira, perguntei qual era o segredo "daquela cozinha" e ela explicou: " nunca levanto o lume, está sempre em lume brando, faço tudo com tempo e assim a comida ganha o gosto ao seu tempo".
Claro que eu não fui capaz de aplicar esta sábia partilha na minha cozinha, ser esta pessoa que faz tudo com tempo. Na minha cozinha às vezes ainda não descongelou e já está na panela. A cozinha não é o local para eu exercer uma profissão.
Na minha profissão diria que o segredo é paciência e atenção, que confesso que uns dias tenho mais e outros dias menos.
Das "great expectations" que tinha para 2014 uma delas, que me causou uma grande tristeza, não se irá realizar porque não é conveniente aos interesses instalados. Estas coisas do poder e do poderzinho, das influências não são coisas de filmes acontecem na vida real, com pessoas e locais que nem vale a pena considerar pois a sua importância não é nenhuma.
A decisão foi Maquiavélica. Em detrimento do correto ou do justo vence o conveniente, não interessa se se tem que ludribiar os valores. Mas também quem é que pensa em valores?
Só se forem os valores da Bolsa.
Entretanto ficava a questão: o que fazer com aquilo que acontece, que não pedimos ou esperávamos?
Não era bom, não era mau, era uma oportunidade, uma mudança, era qualquer coisa...
Reservamos e esperamos. Somos prudentes e agimos corretamente, às vezes o que acontece é só um exercicio de reciclagem aos nossos sentidos, um teste para passar, para testar as nossas reações. E como sempre defendo há duas formas de fazer as coisas, a bem e a mal, e são também nestes momentos que a parte de nós que reservou, entendeu, que lhe fez sentido. As emoções fazem sempre sentido a quem sente, e com essas emoções que passamos a racionalizar sobre esta coisa que é viver.
Cada vez penso mais que a nossa vida é um prato bem confeccionado, e é com o tempo que ganha sabor ;).