sexta-feira, 28 de março de 2014

O que fazer com aquilo?

Reserva e deixa que faça sentido.

A pressa nunca foi boa conselheira, mas por momentos escrevi cozinheira invés de conselheira, e isso fez-me lembrar de uma história.
Havia um restaurante onde o cheiro da comida inebriava qualquer um, o ar que se respirava sabia sempre a qualquer coisa que iria deliciar mais a barriga do que o nariz. 

Um dia em conversa com uma das donas, e também cozinheira, perguntei qual era o segredo "daquela cozinha" e ela explicou: " nunca levanto o lume, está sempre em lume brando, faço tudo com tempo e assim a comida ganha o gosto ao seu tempo".

Claro que eu não fui capaz de aplicar esta sábia partilha na minha cozinha, ser esta pessoa que faz tudo com tempo. Na minha cozinha às vezes ainda não descongelou e já está na panela. A cozinha não é o local para eu exercer uma profissão.
Na minha profissão diria que o segredo é paciência e atenção, que confesso que uns dias tenho mais e outros dias menos.

Das "great expectations" que tinha para 2014 uma delas, que me causou uma grande tristeza, não se irá realizar porque não é conveniente aos interesses instalados. Estas coisas do poder e do poderzinho, das influências não são coisas de filmes acontecem na vida real, com pessoas e locais que nem vale a pena considerar pois a sua importância não é nenhuma.

A decisão foi Maquiavélica. Em detrimento do correto ou do justo vence o conveniente, não interessa se se tem que ludribiar os valores. Mas também quem é que pensa em valores?

Só se forem os valores da Bolsa.

Entretanto ficava a questão: o que fazer com aquilo que acontece, que não pedimos ou esperávamos?
Não era bom, não era mau, era uma oportunidade, uma mudança, era qualquer coisa...

Reservamos e esperamos. Somos prudentes e agimos corretamente, às vezes o que acontece é só um exercicio de reciclagem aos nossos sentidos, um teste para passar, para testar as nossas reações. E como sempre defendo há duas formas de fazer as coisas, a bem e a mal, e são também nestes momentos que a parte de nós que reservou, entendeu, que lhe fez sentido. As emoções fazem sempre sentido a quem sente, e com essas emoções que passamos a racionalizar sobre esta coisa que é viver.

Cada vez penso mais que a nossa vida é um prato bem confeccionado, e é com o tempo que ganha sabor ;).

terça-feira, 11 de março de 2014

Aprendendo a ler os sinais…

Quando tirei a carta de condução não tinha carro para andar, pelo menos um carro que fosse só meu, mas o meu pai emprestava-me o dele. O primeiro que ele emprestou foi um Fiat, não sei que modelo, um Fiat branco que parava a andar. Tenho uma mão cheia de histórias sobre este carro para contar e não sei como não fiquei traumatizada e continuei a conduzir.

Depois ele teve um Renault, o melhor carro para se conduzir, ainda hoje penso nesse carro e em como ele me dizia não, em como ele me ensinou a conduzir. Se queria passar de uma terceira para uma primeira (sim, não percebo nada disto) a mudança simplesmente não entrava e foi assim que aprendi a fazer reduções com a caixa de velocidades de um carro. Se a mudança não entrava, nem à força, porque insistir? Porquê forçar?
Quantas vezes no trabalho a fotocopiadora diz que o papel está encravado na porta X e eu abro e fecho a porta X e espreito e mexo e remexo e nada, uma e duas e três vezes, quase até desistir, e num determinado momento, de grande teimosia, que invisto mais uma vez para resolver a avaria e lá descubro a folha escondida ou uma alavanca mal puxada. Afinal a máquina tinha razão, quando parecia que o universo estava contra mim. Como estes exemplos há tantos outros, com outros eletrodomésticos, ou objetos.
A mais recente dica para ler os sinais, ou interpretar as mensagens de erro que surgem em diversas circunstâncias foi com os óculos de sol. Descobri que os óculos de sol estavam a dar-me uma lição. Se baixava a cabeça, que é o meu hábito, os óculos caíam, mais rapidamente que outros quaisquer que use, mas se andar de cabeça levantada os óculos mantém-se no cimo do meu nariz.
É preciso chegar a este ponto para perceber que está na altura de erguer a cabeça, endireitar as costas e caminhar firme porque são preciso poucos acessórios na vida, mas aqueles que levarmos têm que ser os certos e de forma acertada.
Aqui estou eu a aprender a ler sinais com objetos, utensílios ou coisas sem vida, se calhar porque a função para que foram criados, a de preencher uma necessidade, consegue ultrapassar a área de ação, só precisamos estar atentos e não forçar, nem desistir daquilo que acreditamos, e muito menos baixar a cabeça.
Boa semana!