Depois ele teve um Renault, o melhor carro para se conduzir,
ainda hoje penso nesse carro e em como ele me dizia não, em como ele me
ensinou a conduzir. Se queria passar de uma terceira para uma primeira (sim, não percebo nada disto) a mudança
simplesmente não entrava e foi assim que aprendi a fazer reduções com a caixa
de velocidades de um carro. Se a mudança não entrava, nem à força, porque insistir? Porquê forçar?
Quantas vezes no trabalho a fotocopiadora diz que o papel
está encravado na porta X e eu abro e fecho a porta X e espreito e mexo e
remexo e nada, uma e duas e três vezes, quase até desistir, e num determinado momento,
de grande teimosia, que invisto mais uma vez para resolver a avaria e lá
descubro a folha escondida ou uma alavanca mal puxada. Afinal a máquina tinha
razão, quando parecia que o universo estava contra mim. Como estes exemplos há
tantos outros, com outros eletrodomésticos, ou objetos.
A mais recente dica para ler os sinais, ou interpretar as
mensagens de erro que surgem em diversas circunstâncias foi com os óculos de
sol. Descobri que os óculos de sol estavam a dar-me uma lição. Se baixava a
cabeça, que é o meu hábito, os óculos caíam, mais rapidamente que outros
quaisquer que use, mas se andar de cabeça levantada os óculos mantém-se no cimo do meu
nariz.
É preciso chegar a este ponto para perceber que está na
altura de erguer a cabeça, endireitar as costas e caminhar firme porque são
preciso poucos acessórios na vida, mas aqueles que levarmos têm que ser os
certos e de forma acertada.
Aqui estou eu a aprender a ler sinais com objetos, utensílios
ou coisas sem vida, se calhar porque a função para que foram criados, a de preencher
uma necessidade, consegue ultrapassar a área de ação, só precisamos estar
atentos e não forçar, nem desistir daquilo que acreditamos, e muito menos baixar
a cabeça.
Boa semana!
Sem comentários:
Enviar um comentário