terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A minha vida dava um filme de terror!!!

Na última semana senti, mais do que nunca, que a minha vida dava um filme de terror!
O terror na cara dos putos sempre que eu gritava, mas era um facto, já não tinha capacidade para pedir ou explicar, era mais fácil gritar...

Terror na cara do Z. que vislumbrava o meu semblante à distância, a rigidez dos lábios e das sobrancelhas. Tudo em mim metia medo.

A M. que me pediu para não gritar com ela porque a assustava, a minha rápida, e não menos ruidosa, resposta: "senão gritar vou ter que te bater".

E toda esta indisposição pesava em mim, e no silêncio dos pensamentos eu ouvia os gritos da consciência: "má mãe, má mãe não é por gritares que eles vão perceber melhor...".

Não obstante, eis que aconteceu o derradeiro momento...
Enquanto passava perto da cozinha ouvi a voz da M.: "...eu ponho, eu ponho...", mas algo aconteceu, oiço depois a voz do pai, Z., num tom pacífico, e numa voz calma a chamá-la a atenção, fazia notar-lhe que ela tinha acabado de fazer um disparate. E ele argumentava com ela sobre "estar à altura da responsabilidade".

E eu que no íntimo questionava a minha falta de paciência, o ser impulsiva, senti-me, naquele momento ainda mais diminuída. Era possível ser assim tão calmo? Mesmo depois de se ver uma caneca de leite derramada pela banca, com o leite a pingar para o chão, simplesmente por teimosia e traquinice? Porque novamente ignorou as indicações e os alertas que lhe tinham sido confiados?

Sim, eu sei que aconteçe, e que ela é uma criança, e irão acontecer situações destas milhares de vezes (então não sei?!), assim como sei que devia estar a trabalhar a confiança dela, mas as únicas coisas que naquele momento não me doíam, eram os dentes e o cabelo... e as dores que tinham não aliviaram o cansaço, nem o discernimento...

Foi também nesse momento que pensei recolher todo o dinheiro que tivesse na carteira e no dia seguinte abrir uma conta bancária para pagar as futuras consultas psiquiátricas destes miúdos, e investigar como internar-me...

Porém, no dia seguinte quando fui à cozinha constatei que o pai não viu o trabalho que tinha que ter para limpar aquele leite, porque ele não o limpou na totalidade, passou o pano.
Assim, novamente o trabalho voltou para mim, tinha o leite para limpar por dentro e fora das gavetas, e o chão e a banca também porque estavam manchados e colavam.

E nesse momento era evidente a pergunta, mas porque é que não gritei com os dois? Pai e filha? Não, não eram estas as perguntas...

As verdadeiras perguntas, as que evitei eram porque é que eu limpei? Porque é que é mais fácil para mim "limpar, arrumar e gritar"?
Porque é que não é mais fácil "deixar estar" ou conversar calmamente sobre o que vai sucedendo?

Eu sei a razão e tenho aqui um bom ponto de partida, e se tudo correr bem chegarei ao género de filmes que gosto, as comédias ou os musicais e deixarei os filmes de terror.

Por isto, Deus, ano novo, Universo, peço-te que me ajudes porque preciso, como a M., que tenham paciência comigo, não me gritem, hei-de lá chegar... este burro velho há-de lá chegar... ou se há-de...

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