Este é para mim um espaço de libertação. Sem sombra de dúvida que este é um blog de lamentações, mas também de reconhecimento, agradecimento, e de partilha.
Este é um local onde gosto de reflectir, de expressar-me. Umas vezes com mais piada outras vezes mais cansada, mas sempre um sinal de que continuo viva e a conhecer-me.
Gosto de partilhar este auto-descobrimento porque muito dele veio com a idade e se puder ajudar alguém a saltar etapas ou a descobrir um atalho seguro, porque não fazê-lo?
Mas mais importante e pela minha saúde mental continuar a escrever ajuda-me nos meus devaneios. Porque a vida está a acontecer e, como não sou um gato, esta é a única que acredito ter.
Isto tudo para chegar a mais um momento de medo.
Para abordar este momento vou começar por falar do filme Pretty Woman, aquele que todas as moças da minha idade viram 1000 vezes e tudo por causa das pernas da Julia Roberts, certoooo?
Havia também um moço que suscitava alguma curiosidade, mas nada de mais... ai como é que era o nome dele, ai pá! Ah lembrei, RICHARD GERE...engraçadito... o raio do moço...
Porque este filme? Não é pelo seu valor na 7ª arte, mas sim porque quero exemplificar como a vida acontece comigo.
Cada um(a) de nós recordará um momento deste filme de acordo com a pessoa que é. Como fazemos com outros filmes, livros, notícias, músicas, paisagens... somos transportados pelas pessoas que somos, as nossas vivências, e criamos um elo com esse momento porque tem um significado para nós.
Isso aconteceu-me com este filme. Quando a "Vivian" explica porque se tornou prostituta, qualquer coisa como "é fácil acreditar quando te dizem que não tens valor", a sua explicação desconcertou-me então e agora.
Não acredito que as críticas, a maledicência, e a desvalorização sejam determinantes na pessoa que somos, mas que fazem estragos lá isso fazem.
O tempo, a maturidade, as pessoas certas e as boas opções podem enviesar o que pode parecer ser certo, uma queda de um precipício.
Ainda hoje, para mim, é difícil aceitar que posso ter um contributo positivo na vida de alguém. Talvez por isso tenho tanto medo de estragar o futuro de duas crianças maravilhosas, "que me foram emprestadas". Porém, luto com esse receio. Por algum motivo, que me ultrapassa, as pessoas que me rodeiam são as minhas pessoas certas. Aquelas que me ajudam a corrigir o primeiro impulso de dizer que não. Que não tenho nada para acrescentar, para contribuir, ou até que possa melhorar o que quer que seja. Ter uma sugestão, quem eu? A minha opinião, a quem poderá interessar?
E quando olho para estas pessoas que estão tão próximas de mim, recuo e corrijo esta falta de importância que penso não ter, e partilho com elas, e exponho-me e cresço mais um bocadinho. E crescer continua a doer e não é imediato!
Mas tenho uma mensagem para deixar, e que pode ajudar outras Vivian, que é a seguinte: senão tiverem uma palavra positiva ou construtiva para deixar, não deixem nada. Guardem para vocês.
Quanto às Vivian que andam por aí, acreditem. Acreditem em vocês!
Sim, porque não há Richard Gere que valha, nem Hollywood que chegue!!!
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