sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

estória 5: ...Porque...

Gosto de arrumar a vida em linhas. Parece-me que tudo sem que ser correcto. Lido mal com a mudança, com o imprevisto.
Qualquer uma das minhas gavetas pode ser aberta, por exemplo esta, a das meias, percebe-se o que quero dizer com as linhas da vida e com o sentido da arrumação. A minha gaveta das meias, tem por detrás daquele aspecto organizado uma teoria inspiradora, não misturar o que não precisa de ser misturado. Da direita para a esquerda existem várias linhas de meias que vão dos tons mais claros aos mais escuros. É bom que todas as nossas coisinhas estejam em caixinhas, assim não se criam confusões, sou assim nas arrumações, sou assim na vida.
Outro dia falava com uma colega de trabalho sobre o aspecto da sua secretária, custa-me a crer que ela consiga encontrar alguma coisa naquela confusão. Ela não parecia preocupada. Se eu fosse uma pessoa religiosa acho que teria dito alguns dessas expressões religiosas que se dizem perante o horror em que fiquei.
A desorganização é um sinal distinto da cabeça de uma pessoa. As nódoas também o são.
Ainda outro dia reparava no senhor que se sentou à minha frente no metro, aquela nódoa deveria ter mais de uma semana, acho que a roupa nem brilhava naquela pessoa, porque o tecido estava incomodado com o corpo que o vestia.
Anteontem sem perceber como, entornei um pouco de sumo na minha blusa, não consegui acabar de beber o sumo, corri até a casa de banho mais próxima e esfreguei aquele pedaço de tecido onde o líquido tinha caído, penso que aquele sumo se terá arrependido de ter caído na minha blusa, mas quando vejo alguém assim despreocupado com o seu aspecto exterior penso logo que tipo de pessoa será, no seu interior.
Sou da opinião que as pessoas revelam o seu interior em pequenos detalhes, como os seus comportamentos diários, seria incapaz de conviver com alguém que deixa a sua secretária desarrumada, que anda de bem com uma nódoa, que come depressa, que fala exageradamente, que se ri alto, que grita, que não se sabe sentar, que mastiga de boca aberta, que é desorganizada, que não é pontual.
Há coisas que não sou capaz de aceitar … não sou!
A mentira, a raiva despropositada, pessoas que choram por tudo e por nada, histerismo, vaidade desmesurada, tiques de grandeza de inferiores, manias de liberdade, falta de determinação, dúvidas, irresponsabilidade.
Enfim, acho que o ser humano deve ser exigente consigo e com os outros senão o que será da vida em sociedade?! Regras, disciplina e hierarquias bem definidas são fundamentais.
Já chega de falar sozinha, já falei demais…hoje estou assim… mais inconformada, não sei, talvez hoje me sinta mais só do que nos outros dias. Não percebo, afinal todos os dias são assim, iguais, o mesmo há 30 anos, porque é que hoje deveria ser diferente.
Porque é que hoje haveria de ser diferente e ser capaz de capaz de encontrar alguém que me compreenda e me aceite assim como eu sou.
Há quem tenha medo da exigência, mas não importa, porque exigência é excelência.
E eu exijo sempre!

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