Quando se perde algo irrecuperável, mesmo depois de muito
tempo passar, um sentimento, umas vezes de culpa, outras vezes de zanga, outras
de incompreensão cerca-nos. Ainda outras vezes os sentimentos são de resignação.
Surgem explicações: “que foi pelo melhor”, “a natureza a falar”, “que era
inevitável”. E quando as perdas aumentam mais raros se tornam os momentos de paz.
Somos levados a aceitar que nada nos pertence, nada é
eterno, o que fazemos da nossa vida e da vida de quem nos acompanha é tudo o
que vamos tendo, sem ter.
São imagens, são momentos, são emoções, são recordações, são
tudo e não são nada. Quando tudo deixa de ser palpável e físico, os esforços –
de uma cabeça que trabalha- são orientados para manter as recordações presentes
e inalteráveis.
Quando eu desaparecer o que ficará de mim?
Sem querer que me incomode, mas inquietando-me, o que ficará
daqueles que me já me deram muito e que já cá não estão, o que será do pouco deles
que vai sobrevivendo em pequenas partes de mim?
Quando assistimos a um acontecimento definitivo ou irreversível
passamos a considerar o que fizemos e o que deixámos de fazer, uma parte de nós
deixa de acreditar e outra parte quer acreditar mais. Acreditamos, temos fé,
pedimos que não aconteça, que não se repita, mas acontece e repete-se. Então
para que serviu a fé? Mas se não for a fé/esperança ao que é que nos podemos/devemos
apegar?
Hoje estou assim, dentro de mim lutam a esperança e a desesperança.
Hoje é um daqueles dias que é difícil acreditar…
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