Se a vida fosse um musical uma das coisas garantidas seria a
música.
Uma banda sonora espontânea aconteceria em diferentes momentos, marcando a acção.
Se os musicais se inspiraram nas óperas, operetas, e em espetáculos
de variedade facilmente identificamos o genéro do musical, se uma comédia, um
drama, um romance ou um thriller.
Haveria um caminho delineado, talvez amigos para nos acompanharem, obstáculos
para vencer, objectos mágicos para nos ajudarem, mas mais importante o mal
teria um fim.
60 ou 90 minutos, no mínimo, de sofrimento para depois tudo acabar bem!
Haveria uma lição a tirar, alguma moral para compreender, uma mensagem que ficaria, ou uma batida/melodia/ música que nos acompanharia.
Quando o mal acabasse, a recompensa se daria, um beijo, um
abraço, uma frase “there’s no place like home”.
Esta “máquina” que nos leva a acreditar na magia ou na fantasia
como parte integrante da vida porque somos susceptíveis ou precisamos de
acreditar que ela existe?
Estas frases criadas que parecem fazer sentido. Queremos estar
em casa e estar confortáveis dentro e fora dela, mas como conseguir alicerces
que suportem furacões, que suportem as adversidades?
Faltando um chapéu-de-chuva mágico, uma família Von Trapp para salvar através da música,
uma Hepburn com ou sem voz como Lady, uns pés acima da classe e a brilhantina
no cabelo de Fred Astaire, acredito que todos estaríamos mais pobres, para
o bem e para o mal.
Ainda temos que escolher a música para o momento, mas
existem tantas músicas que não saem da nossa cabeça, mesmo o mais céptico
saberá que quando chove há alguém que “canta”.
Se a vida fosse um musical, mesmo assim teríamos que
aprender que a maior parte da vida andamos a apanhar pedaços de nós, a sacudir
a poeira, e recomeçar vez após vez.