sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Mudança de paradigma.

Eram 21h30m quando comecei a preparar os putos para os deitar, eram 23h30 quando saí do quarto deles, com os dois a dormir, e como não  sei se eles se aguentam neste estado durante muito tempo é melhor escrever este post a correr, com o objectivo de  não me esquecer desta ideia. Esta ideia que surgiu enquanto tentava acalmar a minha mente  irritada por não ter tempo para mim.

E eis que conclui o seguinte: estou errada.

Passo a explicar:
As 21horas aproximam-se e eu penso "daqui a pouco eles estão a dormir e eu faço isto e aquilo", o fazer qualquer coisa pode ser uma coisa simples como esticar as pernas no sofá.
Mas este já foi o pensamento dominante, atualmente o meu pensamento devia ser "vou tentar que eles durmam, se conseguir sair do quarto antes das 7 horas do dia seguinte isto é positivo.

Não é porque seja uma pessoa com baixas expectativas, muito pelo contrário tenho altas expectativas quando se tratam daqueles dois.

Outra situação a corrigir é o gritar, se calhar porque fui criada no meio de gritos parece-me um comportamento inócuo, mas não é!  E como é que eu sei? Por tantos motivos e pelos mais importantes: Porque a M. já o disse várias  vezes e o  M.  chora porque se assusta.
Ora este é o próximo exercício onde não  quero falhar.
Poderia justificar este comportamento com o cansaço ou a teimosia, mas não seria isso que o tornaria válido. Até porque sei que não é por dizer o que tenho a dizer mais alto que me faço entender melhor.

E este compromisso, no qual me quero empenhar, leva-me a outro compromisso do post anterior, aquele sobre falhar.
O M. continua doente e eu fiquei em casa com ele e assim acabei por falhar numa parte da minha vida, importante, o trabalho. Apesar de ter falhado como profissional, sinto que nesta virose não falhei como mãe.

Falhei também em algo que sempre defendi: "não faço listas com tarefas a distribuir porque todos sabemos o trabalho que há para fazer", e até pode ser verdade, mas tudo depende da importância que damos ao que há para fazer, assim acabei por me juntar já que, ao fim de 12 anos, não consegui vencer, criei uma lista que já tem que ser negociada, mas está em aberto e em execução. Assim falhei na esperança da mudança para trabalhar para a mudança.
E por aí adiante...

Estou no início do caminho, mas tomei como um momento de reflexão, de paragem obrigatória, aquele em que os putos têm que adormecer. E se ficar no meio dessa reflexão é sinal que ainda consigo adormecer em qualquer lado, como quando tinha 18 anos.

Nesta nova abordagem à vida espero conseguir mais e melhor para mim, para eles, e para nós.
Vamos vendo!!!

domingo, 25 de outubro de 2015

Inacabado

O M. está doente. Pode ser uma virose... coração de mãe fica pequenino. As noites que nunca foram bem dormidas pioram. Coração de mãe cresce e acorda e acalma e arrefece juntamente com a temperatura do corpo do M., ao mesmo tempo a cabeça pergunta se o coração de pai é diferente?

A M. fez 5 anos. Já?

Com ela não foi diferente, mas era só ela e por isso havia mais resistência e resiliência, com dois, com as noites mal dormidas,  e com as "multi tasks"desempenhadas, o sentimento que não estou a fazer o mais importante vai crescendo.  Andar sempre a correr e segurar as pontas faz-me perguntar se estarei correta? Se a minha motivação não será o medo de falhar e se o medo não está a fazer com que eu esteja a falhar com a pessoa mais importante, eu.
Não me interpretem mal, os M's são o mais importante,  mas dependem, ainda, de mim, mas se eu não estiver disponível para eles de que vale estar perto deles?

O trabalho está  no início e antes que fique tudo perdido é melhor priorizar as necessidades, antes que a tristeza,  a frustração e o ressentimento ganhem terreno.
Antes que seja tarde demais...
É por isso que tenho como primeira tarefa aceitar falhar, sim, falhar naquilo que não é importante.
Em breve espero partilhar a primeira falha e compreender e aceitar como o mundo se manteve igual...

Insatisfação

Morreu Alguém.  Alguém que era enorme. Uma mulher. Uma mãe.  Empreendedora, corajosa, competente, trabalhadora, lutadora. Uma força de vida, até que a doença levou a melhor, levou e deixou um vazio porque ainda havia tanto para fazer.

Fiquei triste pela impotência, pelos filhos, por pensar no futuro e no último  suspiro. Como é que falta a força a quem era uma força?

A todos os que têm a vida pela frente, respeitem estas perdas, por tornarem a sua vida e vida dos que vos rodeiam, no mínimo, maravilhosa.

E sempre que haja um dia triste, um dia que se tropeçou,  que sintam a insatisfação e que este sentimento seja o incentivo para fazer melhor.

Até sempre!

Muito obrigada


domingo, 18 de outubro de 2015

A sério?

Quinta-feira de manhã depois de deixar os putos na escola pus a rádio ao meu jeito, calhou ouvir aquele programa "amor é", e que bom foi, o Júlio Machado Vaz comentava com a Inês Menezes algo que me aterrorizou.
 Explicava ele a relação filhos/pais e dizia que havia quem dissesse que os filhos "primeiro amam, depois julgam, e depois perdoam"
O Júlio foi mais simpático do que quem imortalizou esta afirmação, Oscar Wilde, esse  não poupou os pais e disse que os filhos "nunca perdoam".
Deus me livre de um filho Wild(e), mas brincadeirinha à parte, isto é assustador.

Quer dizer já nao chega mantermo-nos vivos e em boas condições físicasie ainda temos que pensar como não machucar a mercadoria internamente.
A sério?

Pensei que se demonstrar como se conjuga o verbo perdoar no dia - a - dia, talvez os putos consigam ver que não é  por mal que se falha, mas no meu caso porque me falta o jeito, outras vezes a paciência, o tempo, e ainda a sabedoria.
A sério!
O melhor é aproveitar  enquanto ainda estou na fase "do amor" aproveitar ao máximo, para não sentir o julgamento, ou se calhar, como acontece com outras situações  na vida,  não levar muito a sério estas frases universais porque, graças a Deus ou ao Universo, nem tudo é sobre nós.
E quando é sobre nós  está nas nossas mãos inverter o desfecho. A sério, que sim!

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

a culpa é da vontade

Para começar este post pensei em algo como: "Olá  o meu nome é ... e há  22 dias que não  passo a ferro os lençóis, as toalhas,  e toda aquela roupa que fica bem com um ou outro esticão. "
Não  estaria a escrever sobre isto se não  tivesse presente a culpa de não passar toda a roupa a ferro. O que irão  dizer se olharem para as toalhas ou para os lençóis,  esperem ninguém  pensa nada, é a minha cabeça  que pensa e que fica preocupada porque lhe ensinaram o que é  ser uma "dona de casa capaz".
Pois bem hoje venho tentar resolver esta culpa por  pedir desculpa à roupa que é esticada ou imediatamente dobrada e pedir que me desculpe, mas tem sabido tão  bem.
Agora são  mais esticados, por exemplo, os lençóis ora quando vão para gaveta, ora quando vão  para a cama, mas continuam a saber bem, a saber a cama lavada.
E apesar da culpa fazer as suas aparições espero continuar a pensar como é bom libertarmos-nos de carga desnecessária. E se algum destes dias tiver uma recaída batam-me forte na cabeça porque há  coisas que não  valem a pena. Aquelas que acontecem porque sempre foram assim e não  fazem sentido, não  nos fazem sentido.
Culpa à parte venha a vontade de ser e viver mais.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

mais uma semana...

Pois, mais uma semana passou. O que difere da que se segue ou da que a antecedeu?
Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta- Feira.

O despertador toca The National às 7 da manhã (que boa escolha para aquele momento difícil ). Hora do banho.
Calma, com as ofensas verbais daqueles que acordam bem mais cedo... calma que isto só acontece se  o M. não acordar mais cedo e despertar, por exemplo esta madrugada,  às 06h30 ele quis falar e eu tive que escutá -lo, na semana passada quis brincar às quatro da manhã... parece que estes "desvarios" estão contemplados nas letras pequenas do contrato de mãe/filho.
Mas imaginemos uma manhã desejada e apreciada, hora do banho, semi vestida, preparar a M. e o M. para a escola. Tomar o pequeno almoço e insistir em sair de casa vestida e com os miúdos.
Tentar chegar à  escola até às 9 horas, distribuir os miúdos pelas salas. Esperar que o M. não chore. Respirar fundo e ligar o raciocínio para coisas do trabalho.
Ainda a gozar da redução do horário, sair do trabalho e acelerar para ir buscar os putos.
Chegar a casa, colocar o coelho na gaiola, limpar o chão por causa do lixo que ele fez, para o M. não  por na boca. Amamentar.  Lanchar com a M.. Banhos. Jantar. Passar a ferro. Estender/apanhar a roupa. Arrumar a casa. Organizar o caos. Dar colo. Vigiar. Jantar. E finalmente, sentar ou deitar. Uns dias umas coisas, outros dias outras coisas.

Então e sábado e domingo?  Acordar mais tarde? ainda não... entre tratar de roupas; sopas e outras comidas, e  as compras da semana, festas de aniversário ou outros compromissos... estes dois dias passam a correr e acabam com a preparação das malas para a escola na 2ªf.

Digam-me mães com horários  completos como conseguem?
E acrescentam a esta lista o verificar deveres da escola ou levar os filhos a atividades extra - escolares.
Onde fica o romance?
Onde se deixa o cansaço?
E sem pensar nos últimos cinco anos sem dormir uma noite completa, nem nos dias e noites de doença, e na impossibilidade de uma mãe ficar doente...
e apesar disso...
voltar a fazer o mesmo, a tentar perceber onde se vai buscar a força  para sorrir dos disparates, a paciência para suportar as teimosias, e a alegria pelo privilégio?
Que venha mais uma semana... e com ela venham esses super ingredientes que dão sabor à vida, raros e valiosos e que escasseiam.